O filme mais cool do ano!
O espertíssimo "Strange Darling" desafia expectativas, bebe sem pudor no cinema de Quentin Tarantino e revela novos talentos.
Em um mundo perfeito, eu não precisaria estar aqui indicando “Strange Darling”.
Em um mundo perfeito, o filme independente de US$ 4 milhões dirigido por JT Mollner seria um sucesso estrondoso nos cinemas e as pessoas todas fariam fila para assisti-lo sem precisar ler nada sobre ele.
Infelizmente, não vivemos neste mundo.
E devo escrever sobre “Strange Darling”, mesmo que exista um desejo para você ver o thriller sem ler esse texto.
Não que vá contar algo que estrague a experiência. Pode ir em frente sem medo.
E talvez você esqueça quando alguma distribuidora brasileira descobrir essa pérola do novo cinema indie norte-americano elogiada por Stephen King, Fede Alvarez e Kevin Bacon -e apoiada por Kid Cudi, que organizou uma sessão em Los Angeles com ingressos e pipocas grátis para quem aparecesse com um produto dele (disco, camisa ou qualquer outra coisa).
“Strange Darling” subverte uma das modas do momento: histórias sobre assassinos em série.
O suspense seria uma dramatização ficcional sobre os últimos crimes de um famoso serial killer que assombrou a Costa Oeste dos Estados Unidos há alguns anos.
Contado em seis capítulos totalmente embaralhados, o longa abre de maneira perturbadora com a Mulher (Willa Fitzgerald, nunca nomeada) fugindo desesperada e ensanguentada por uma floresta do interior do Oregon. No seu encalço, o Demônio (Kyle Gallner, também nunca batizado) empunha um rifle numa mão e cocaína na outra. A caçada termina na casa de um estranho casal de eremitas (Barbara Hershey e Ed Begley Jr.).
E você só precisa saber isso sobre a trama.
“Strange Darling” tem outra curiosidade. Suas imagens fantasmagóricas e setentistas em 35mm marcam a estreia do ator Giovanni Ribisi na direção de fotografia, depois de estudar por 15 anos com colegas como o finado Andrew Lesnie (“O Senhor dos Anéis”), Dante Spinotti (“O Último dos Moicanos”), Reed Morano (“Rio Congelado”) e Russell Carpenter (“Avatar: O Caminho da Água”).
Impulsionado por uma direção espertíssima e atuações viscerais de Fitzgerald e Gallner, o filme desafia conceitos e expectativas com uma simplicidade assustadora, mesmo adotando estruturas quebradiças que lembram “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino, certamente uma das grandes influências ao lado de William Friedkin e Tobe Hooper.
Como vários longas independentes, sofre nas bilheterias norte-americanas nas duas semanas em cartaz. Pouco mais de US$ 2 milhões arrecadados.
Problema das bilheterias.
“Strange Darling” é bom para cacete.
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