25 anos atrás, "Família Soprano" criava a televisão como você conhece
A série deu início à nova Era de Ouro da TV e gerou diversos filhotes, incluindo dois novos que chegam ao streaming.
Nesta edição:
Por que “Família Soprano” mudou a televisão moderna?
“Echo” inaugura a Marvel sombria na Disney. Culpa de “Sopranos”
Filho de Ken Loach dirige ex-Doctor Who em série policial tensa. Culpa de “Sopranos”
Um dia de cão. Pode ser o cão de Tony Soprano?
A24 deixando de fazer sentido. Não é culpa de “Sopranos”.
Música da semana
Você pode amar o Walter White de “Breaking Bad”.
Pode se encantar com a profundidade charmosa de Don Draper em “Mad Men”.
Até mesmo a sociopatia genial do Dr. House de “House” pode ser sua paixão.
Coloque aí também o elenco de “Ozark”, a protagonista imperfeita de “Fleabag”, a família disfuncional de “A Sete Palmos”, o assassino bacana de “Dexter” ou os policiais de “The Wire” e “The Shield”.
Pode citar quem você quiser.
Todos eles devem suas “vidas” a Tony Soprano.
Aliás, se não fosse por Tony Soprano, você provavelmente nem estaria aqui lendo esta newsletter.
Ironicamente, Tony Soprano, vivido com intensidade ímpar pelo falecido e saudoso James Gandolfini (1961-2013), por seis temporadas de “Família Soprano” (“The Sopranos”), era um assassino, um mafioso, um homem que não pensava duas vezes antes de meter uma azeitona na cabeça de qualquer ameaça aos seus negócios -se ele pensasse mais de duas vezes, era porque envolvia membros da própria família, e o bicho pegava mais forte.
Tony Soprano mudou a face da televisão moderna e, consequentemente, da cultura pop, para sempre.
Apesar de “Oz” e “Sex and the City” terem chegado antes, as duas com suas altas doses de importância, foi “Sopranos” que consolidou de vez a HBO, que tinha começado a produzir programas originais havia cerca de cinco anos -para quem não sabe, a Home Box Office era uma espécie de Netflix do início da era da TV a cabo nos EUA, agregando conteúdo dos estúdios e transmitindo nesta nova mídia.
Ainda diria que “Sex and the City” foi extremamente valiosa (e ainda é), mas o próprio machismo vigente na TV daquela época impediu que a série quebrasse os tabus além dos femininos para virar uma peça de mudança de mentalidade na indústria.
“Sopranos” não teve esse problema.
Mas não foi fácil.
“No começo, havia o vasto deserto. E era ruim”, escreveu Brett Martim no esclarecedor “Homens difíceis: Os bastidores do processo criativo de Breaking Bad, Família Soprano, Mad Men e outras séries revolucionárias”, de 2013.
Ele se refere à televisão antes de 10 de janeiro de 1999.
E não é exagero.