Alexander Payne está de volta!
Diretor de "Sideways" se recupera do fracasso criativo de "Pequena Grande Vida" e aparece com chances de Oscar.
Nesta edição:
Como se recuperar de um desastre.
EXCLUSIVO: Por que Gareth Edwards sumiu? Ele viu “Andor”?
Nova animação do cocriador de “Rick and Morty”.
EXCLUSIVO 2: Astro brasileiro elogia atriz de “Cangaço Novo”.
Boa série inglesa de crime real com DNA de “Downton Abbey”.
Wes Anderson mostra que tamanho não é documento.
Música da semana.
Já entrevistei Alexander Payne algumas vezes na carreira.
A mais marcante foi no Festival de Cannes de 2013, quando o diretor apresentou o magnífico drama “Nebraska”, com Bruce Dern e Will Forte.
Era para ter sido uma conversa de 20 minutos. Terminamos levando o papo para o jardim do hotel, onde ainda ficamos mais 40 minutos falando sobre tudo, inclusive cinema brasileiro.
Ah, sim, Payne entende bastante de cinema brasileiro.
Na época, ele me falou que tinha morado algum tempo na Colômbia para estudar e se dedicar a uma paixão, se é que vocês me entendem.
Ele citou clássicos do Cinema Novo com uma desenvoltura que só testemunhei em um diretor estrangeiro depois de falar com Martin Scorsese.
Tem mais.
Alexander Payne trabalhou no roteiro de “Cidade de Deus”, lapidando o texto de Bráulio Mantovani desde o tratamento e dando sugestões já no script final.
Payne ama e entende cinema. Não só o fazer cinema, mas o conhecer a história do cinema.
Depois de Cannes, nos encontramos novamente em Los Angeles, onde eu já morava. Ele estava lançando “Pequena Grande Vida”, em 2017.
A experiência foi totalmente diferente.
O sujeito que embolsou dois Oscar de Roteiro Adaptado e enfileirou filmes adorados pela crítica, como “Eleição” (1999), “As Confissões de Schimdt” (2002), “Sideways” (2004), “Os Descendentes” (2011) e “Nebraska” (2013), tinha sofrido a primeira rachadura na solidez da carreira.
“Pequena Grande Vida”, um filme com uma grande premissa e uma execução incompleta, talvez funcionasse como uma minissérie de TV, o plano original de Payne. Como longa de duas horas, virou uma obra esquecível e superficial que só teve o mérito de revelar a atriz Hong Chau para o mundo.
A fase ruim não parou por aí.
Em 2020, a atriz Rose McGowan acusou Payne de má conduta sexual quando ela ainda estava com 15 anos. O cineasta escreveu uma carta pública ao “Deadline” negando o ocorrido, citando o fato de ainda ser estudante no período do evento, mas que teve relações consensuais com McGowan depois de se conhecerem, em 1991, quando a atriz já era maior de idade.
Ela não gostou nem um pouco da resposta e começou a dizer que iria expôr e destruir Payne. McGowan ainda escreveu que o diretor teria lhe mostrado um filme erótico que tinha dirigido para a Showtime sob outro nome artístico. Nada foi provado e nenhum processo de ambos os lados foi acionado, o que é estranho -encontrar tal filme não seria difícil, certo?
O caso não teve nenhuma repercussão além do disse-me-disse.
Veremos o que vai sair se, porventura, Payne voltar a disputar o Oscar.
O que não parece muito difícil com seu novo longa.
É aonde eu queria chegar.