"Cangaço Novo" é exemplo a ser seguido pela TV brasileira moderna
A mentalidade do tribal que fala com o global da série fez países como Coreia do Sul e Turquia se destacarem no streaming.
Uma das grandes felicidades que tive na vida foi poder ter conhecido e conversado com Chico Science. Isso antes mesmo de ser jornalista em Recife.
Eu ainda fazia faculdade em João Pessoa, apesar de ter nascido em Natal.
Nos encontramos depois do show que ele fez com a Nação Zumbi numa quadra do bairro praieiro de Manaíra. Um lugar em que nunca tinha ido, nunca voltei e nem sei dizer onde e o que era.
Estávamos em meados dos anos 90. Havia um intercâmbio massa entre a nova cena musical de Pernambuco e o pessoal da Paraíba. Todo fim de semana, havia uma banda tocando em algum barzinho na região. Eddie, mundo livre S/A, Dona Margarida, Mestre Ambrósio -bandas que terminei cobrindo profissionalmente como jornalista de música, mas isso é história para outra newsletter.
Chico Science era uma pessoa antenada com o mundo. Mas sem nunca deixar de explorar suas raízes musicais. Falava sobre “Sandman” comigo, mas entendia também sobre Ariano Suassuna. Curtia Afrika Bambaataa e Maracatu de Baque Virado.
O grupo fez sucesso, tocou em festivais pela Europa, definiu o som do Brasil na década de 1990, criou um movimento.
Era o tribal adotado pelo global. O específico traduzido pelo geral. Elevando sua voz, ele foi ouvido. Com sotaques e termos locais que nunca foram barreiras, mas atração. Não se rendeu a estereótipos, mesmo sofrendo comercialmente.