1 - Aftersun (cinema)
Se você mora em São Paulo ou pretende visitar a cidade para aproveitar o resto da Mostra Internacional de Cinema, não perca o melhor filme do ano que ninguém vai ver -ainda restam duas sessões no evento. Estou falando de “Aftersun”, delicadíssimo drama de estreia de Charlotte Wells com Paul Mescal (“Normal People”) e a jovem Frankie Corio. Eles fazem pai e filha de férias em um hotel na Turquia, 20 anos atrás. Wells usa elementos de sua vida pessoal para contar uma história tão sutil quanto enigmática. O filme, como é levado pela memória da menina, agora com 31 anos, é um pedaço de lembrança de um período feliz em que ela passou ao lado do pai entre pulos na piscina, o primeiro beijo e novas amizades. Ao mesmo tempo, é um mergulho inusitado na alma dos dois personagens. O início é lento e poético, como um vídeo antigo de estranhos curtindo férias. Mas a cineasta vai, pouco a pouco, introduzindo elementos melancólicos que culminam em um final devastador. Em tempos de filmes que mastigam tudo para o espectador, “Aftersun” não revela sua alma com facilidade. No entanto, se você embarcar nesta viagem a um passado doloroso e alegre, vai encontrar um filme encantador sobre depressão e paternidade.