Como um pequeno filme de terror virou a sensação das bilheterias nos EUA?
Conheça "Terrifier 2", longa bancado por financiamento coletivo que se tornou um sucesso inesperado nos cinemas.
Na primeira cena deste filme, um palhaço sinistro persegue um homem pelo escritório. Antes mesmo de começar, sabemos com ela vai terminar.
Mas pode colocar sua imaginação para funcionar: o vilão prega a cabeça do sujeito no chão, martela seu crânio até o cérebro explodir, estraçalha seus dentes, quebra seu braço ao contrário e, no fim, arranca seu olho e tenta usá-lo como substituto do próprio.
Sutil, não?
Pois isso é apenas a ponta do iceberg de sangue, cabeças explodindo, corpos pegando fogo, navalhadas, facadas, cérebros expostos, mutilação, decapitação e outras grosserias exibidas em “Terrifier 2”, filme trash de terror que se tornou a grande e inexplicável (será?) sensação do cinema independente de 2022.
Produzido pela Cinedigm e pelo site Bloody Disgusting e distribuído pela minúscula Iconic Releasing, o longa foi bancado por meio de financiamento coletivo, que arrecadou míseros US$ 250 mil.
De tão violento e grotesco, os produtores nem mesmo tentaram a classificação indicativa da Motion Pictures Association. Certamente, iria receber a censura mais alta.
Mas a ideia nem era de jogar o filme no circuito tradicional. Eles queriam apenas convencer os exibidores a passar o filme no cinema por três dias perto do Halloween. Como não havia muita demanda nos cinemas norte-americanos e filmes de terror geram dinheiro fácil nesta época, algumas redes toparam, mas jogando a obra em horários alternativos (começo da tarde durante a semana ou tarde da noite) e salas menos, digamos, prestigiadas.
Mas o inesperado entrou em cena.
A sequência de um filme obscuro lançado em 2016 rendeu US$ 825 mil em 886 salas ao ser lançado em 29 de setembro. Os produtores já estavam pulando de alegria, o longa estava pago. No entanto, na semana seguinte, mesmo com menos 186 salas, “Terrifier 2” faturou surpreendentes US$ 850 mil.
Sim, teve mais bilheteria que na semana de estreia, mesmo com menos cinemas!
Entre dois fins de semana, o filme já estava com US$ 2,2 milhões em caixa.
Não terminou por aí.
Na terceira semana, os exibidores deram mais algumas salas de lambuja e a produção passou em 755 cinemas. Mais sucesso. Na semana seguinte, foi exibido em 1.550 salas (sua maior expansão), gerando mais US$ 1,8 milhão de bilheteria.
Na sua quinta semana, a pequena esponja de sangue cinematográfica já embolsou nada menos que impressionantes US$ 7,8 milhões.
Os analistas agora acreditam que ela pode chegar aos US$ 10 milhões. E outros territórios começam a desistir das suas ideias de lançar o filme diretamente no streaming para investir no cinema.
É o caso do Brasil.
A distribuidora A2 Filmes confirmou que comprou os direitos de “Terrifier 2” para o país e que “a intenção é levar o filme para os cinemas.” Apesar disso, não há ideia de data ou do tamanho do circuito.
Eu não esperaria muito. O longa acabou de entrar em VoD, mas apenas numa pequena plataforma de gênero associada aos produtores, chamada Screambox. Não acho difícil que comece a vazar pela Internet e que se torne um fenômeno dos camelódromos antes mesmo de estrear no Brasil.
Eu vi o longa e conto abaixo tudo sobre ele para quem é assinante pago.
Se quiser ler mais sobre “Terrifier 2” e acessar minha newsletter semanal que sai às sextas com dicas antecipadas de filmes e séries diretamente de Hollywood, clique no botão abaixo!
Você pode ler todos os textos já publicados nestes quase dois anos de vida do projeto e receber novos no seu e-mail.