"Coração de Ferro" é divertida, mas esquecível
Série da Disney+ que encerra a Fase 5 do MCU exibe os problemas da atual Marvel e aposta na revelação de novo vilão grandioso.
Inicialmente, “Coração de Ferro” seria um filme que serviria para a personagem de Riri Williams (Dominique Thorne), uma garota negra tão genial quanto Tony Stark, assumir o posto deixado pela partida do “Homem de Ferro” em “Vingadores: Ultimato”.
O projeto nunca ganhou o sinal verde oficialmente.
Em 2020, Kevin Feige anunciou que a heroína criada por Brian Michael Bendis e o brasileiro Mike Deodato ganharia uma série na Disney+ com Chinaka Hodge no comando da sala de roteiros.
O plano era apresentar Williams antes em “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, em 2022, para o público se familiarizar. Mas recepção não foi muito boa -sendo justo, por causa de todo o filme.
No mesmo ano, as filmagens da série -com produção executiva do cineasta Ryan Coogler- foram finalizadas.
Mas nada de “Coração de Ferro”.
Mesmo com greves e resquícios da pandemia no meio, a produção não teria razão para ficar tanto tempo na geladeira. Os envolvidos alegam que as reestruturações na Marvel/Disney, principalmente na área televisiva, impediram a série de estrear.
Três anos depois, ao assistir aos seis episódios que compõem a temporada de estreia, é possível entender a espera.
E não tem a ver exatamente com falta de qualidade, como os trolls já pensam salivando.
“Coração de Ferro” foi remexida para servir de ponto final da turbulenta Fase 5 do MCU, algo que não poderia ser feito em “Agatha Desde Sempre” e muito menos em “Demolidor: Renascido”.
Isso porque o fim da série apresenta um certo personagem que pode redirecionar todo o universo Marvel dali por diante.
Antes disso, porém, há uma história instável com as falhas de sempre do estúdio na TV, porém que aposta na simplicidade narrativa e personagens caricatos para divertir.
Não adianta se enganar, “Coração de Ferro” é uma série para adolescentes. Adultos preocupados o suficiente com isso vão achar diversos pontos impossíveis de comprar.
A começar pela jornada de Riri Williams, que é expulsa da universidade por escrever trabalhos para os colegas em troca de dinheiro para construir seu traje metálico. Ela rouba a armadura e voa para Chicago, de volta para a mãe (Anji White), e para sua antiga vizinhança, mas seus delitos não geram consequências.
Na tentativa de tornar a série um pouco mais atraente e facilitar certas apresentações, Chinaka Hodge cria uma trama tipo “Onze Homens e um Segredo”, na qual Williams, em busca de grana para um novo traje, se junta a um grupo de ladrões “honrados” liderados pelo misterioso Capuz, interpretado por Anthony Ramos, que faz o que pode com o texto limitado.
Parece uma série dos anos 90, com especialistas em suas áreas, como a hacker de unhas imensas, gêmeas lutadoras, doidão das facas e o homem dos explosivos. Engraçado ver a Marvel lidando com moralidade e ética de forma diferente, mas usando invólucros tão rascunhados.
A primeira metade da história -exatamente a que entra nesta semana na programação da Disney+- é a mais esquecível da fornada. Não há uma busca por aprofundar nenhum tema interessante. E há a possibilidade, como o fato de Williams criar uma IA como assistente virtual que usa a aparência da sua melhor amiga morta, interpretada por Lyric Ross, de “This Is Us”; ou o encontro dela com o Joe de Alden Ehrenreich, filho de um vilão do “Homem de Ferro”.
PS - Se você quer manter segredo de algo, Marvel, não escale atores famosos em papeis supostamente menores e os batize de nomes como Joe ou Bob, vide “Thunderbolts”.
Os três episódios restantes são mais constantes, tanto no roteiro quanto no visual, que oscila entre o genérico e o estereotipado de forma perigosa no início. É quando “Coração de Ferro” se entrega mais à ação descerebrada, traz umas maluquices arriscadas ao misturar magia com tecnologia e dá um pouco mais de cor aos seus coadjuvantes -com exceção do coitado do Ehrenreich, risível.
“Coração de Ferro” é previsível, mas inofensiva. Diverte e se apaga em seguida. A não ser pelos seus últimos cinco minutos, quando muita coisa pode ser explorada pela Marvel pelos próximos anos.
Ou não.
No caos que virou a Marvel, difícil saber o que segue em frente ou não.
Kang que o diga.
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Quando fui ver Thunderbolts um amigo me pediu para eu comentar no dia seguinte o q tinha achado. Sai do filme e gravei um áudio q começava mais ou menos assim "Não é ruim, mas vou falar o q penso agora pq acredito q até amanhã já esqueci o filme". E isso por sí só já diz muita coisa.