"Coringa: Delírio a Dois": o palhaço agora é outro
Sequência tediosa do sucesso inesperado de 2019 tem a proeza de ser o filme covarde mais corajoso dos últimos anos. Explico.
Quando entrevistei Todd Phillips poucos dias antes da estreia do primeiro “Coringa” no Festival de Veneza, o cineasta ainda estava meio atordoado sem saber como seriam as reações ao filme.
No papo oficial, que rendeu uma grande matéria para a “Folha”, perguntei ao cineasta se o longa estaria ligado a um novo universo cinematográfico da DC/Warner mais violento e realista.
Rindo da possibilidade, ele negou. “Não foi minha intenção fazer um filme que fosse o início de algo bem maior. Não vou dirigir ‘Batman’”, disse o cineasta.
Após o término da entrevista, questionei Phillips diretamente sobre a chances de planejar uma sequência para “Coringa”. Ele foi contundente: “Não fiz o longa pensando nisso. Fiz esse filme e pronto”.
Claro que ele estava magoado com a forma de tratamento dos agora antigos chefes do estúdio. No comando de Toby Emmerich, o primeiro “Coringa” teve um orçamento limitado a US$ 55 milhões e um sinal verde que só foi aceso depois da entrada de produtoras parceiras para dividir os eventuais custos -e os surpreendentes lucros, mas Emmerich só pensava no prejuízo.
A história ambígua de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) como líder involuntário de uma revolta popular em meio a uma crise econômica e social numa Gotham transitando dos anos 70 para os 80, se tornou um sucesso gigantesco. Rendeu mais de US$ 1 bilhão, mesmo com a censura impedindo adolescentes abaixo dos 17 anos de irem desacompanhados de adultos aos cinemas nos EUA.
Uma sequência era inevitável.
E “Coringa: Delírio a Dois” chega aos cinemas do Brasil e de boa parte do mundo nesta quinta-feira (3).
Mas Todd Phillips, aparentemente, ainda carrega mágoa no seu coração.
“Coringa: Delírio a Dois” é um tremendo, com o perdão aos mais prudentes, “foda-se”.
Não apenas aos fãs de super-heróis, o que seria compreensível e saudável.
Mas também às pessoas que adoraram o primeiro filme. Ao personagem do Coringa. Ao estúdio, que já admite uma bilheteria menor que o anterior. E para quem investiu 2h20 sentado no cinema para ver um longa visualmente lindo, mas vazio de ideias, coragem e tesão.
Há uma grande ironia acima de tudo isso…
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