Deixe David Bowie mudar sua vida
Documentário "Moonage Daydream" foge dos clichês ao revelar a alma de um artista que oferece inspiração até depois da morte.
“I'm an alligator
I'm a mama-papa comin' for you
I'm the space invader
I'll be a rock 'n' rollin' bitch for you
Keep your mouth shut
You're squawking like a pink monkey bird
And I'm bustin' up my brains for the words.”
Apesar de ter gravado “Moonage Daydream”, em 1971, sob a tutela da sua breve banda Arnold Corns, David Bowie só lançou a versão definitiva de uma das suas músicas mais emblemáticas em 1972.
50 anos atrás.
Em tempos que a música pop se tornou trilha sonora de vídeos curtos e o rock se transformou em um gênero de nicho, a faixa é um atestado à grandeza de um dos maiores artistas que já caminharam neste planeta.
E é a inspiração para o novo documentário “Moonagem Daydream”, de Brett Morgen, do ótimo “Cobain: Montage of Heck”.
O filme, que estreia no Brasil na quinta-feira (15), não é um daqueles documentários tradicionais que exploram a linha de vida de uma celebridade e acrescentam entrevistas para confirmar sua genialidade.
Longe disso.
“Moonage Daydream” é o filme mais rock and roll dos últimos anos.
É uma experiência psicodélica, sensorial e afetiva que não se preocupa em exibir como foi a carreira de David Bowie -apesar de fazê-lo. Ele se concentra em mostrar QUEM foi David Bowie, suas ideias, seu modo de pensar, seus conceitos de vida, suas emoções, virtudes e defeitos, traumas e alegrias, tudo nas suas próprias palavras.
O documentário é um musical antes de mais nada. Sob a supervisão de Tony Visconti, principal produtor de Bowie, e a inédita colaboração do espólio do músico, Morgen povoa “Moonage Daydream” com apresentações raras de músicas, remasterizadas e altas para cacete -tente encontrar um cinema com o melhor som possível, porque eu saí surdo (e feliz) da sessão que fizeram nos estúdios Fox.