Desastre de "Madame Teia" é um perigo para o futuro da Sony com a Marvel
Erros repetidos do estúdio com a franquia Homem-Aranha segue a estratégia desastrosa da Warner com Batman, 25 anos atrás.
Nesta edição:
“Madame Teia” gera gargalhadas involuntárias.
Bob Marley vive nos cinemas.
Um musical do cacete pelo homem por trás de “Borat”.
Música da semana
“Batman” se tornou a maior bilheteria global da Warner quando foi lançado, em 1989. Só foi perder este título para “Twister”, sete anos depois, mas ainda se manteve como a maior bilheteria de um filme de super-herói até a estreia de “Homem-Aranha”, em 1992.
O longa de Tim Burton foi um fenômeno sem precedentes para o gênero no cinema. Para onde você olhava, havia algo relacionado ao personagem, de camisas a álbuns de figurinhas, passando por quadrinhos da adaptação e a trilha sonora comandada por Prince (!).
Nunca houve uma comoção tão grande, mesmo que “Vingadores” tenha ganhado mais grana.
E a Warner cresceu os olhos, claro.
Naquela época, não havia a facilidade de aglomeração de opiniões de fãs em torno de nada. Eles ficavam restritos a pequenos grupos e às convenções de quadrinhos, que não passavam perto de ter a importância, a influência ou o poder financeiro de hoje em dia.
Apenas três anos depois, em 1992, “Batman - O Retorno” foi lançado. A Warner conseguiu convencer Burton a voltar para o personagem, dando mais controle criativo para o cineasta e aceitando suas exigências. Mas a sequência não repetiu o sucesso do anterior.
E o estúdio fez o que hoje em dia os fãs nunca aceitariam: reformularam tudo e, em menos de três anos, já saíram com “Batman Eternamente”, com Joel Schumacher na direção e Val Kilmer substituindo Michael Keaton no papel do Morcegão. Com um clima mais aventuresco e mais colorido, o longa foi um sucesso de bilheteria com US$ 336 milhões em caixa -porém, ainda longe dos mais de US$ 400 milhões do original.
A Warner adorou o dinheiro extra e acreditou que o público queria mesmo ver algo mais leve e bem-humorado, ao contrário do Batman sisudo de Burton.
Apostou no seu feeling e na pressa.
Tomou a decisão de manter a sua galinha de ovos de ouro acordada no galinheiro e confirmou a estreia de “Batman e Robin” para dois anos após o lançamento de “Batman Eternamente”, mesmo sem nenhum plano já em curso.
Schumacher voltou para a direção ao lado do roteirista Akiva Goldsman, mas Kilmer não esperava uma sequência tão rapidamente e não quis repetir o papel, que foi parar nas mãos do ascendente George Clooney.
O filme virou um verdadeiro Carnaval repleto de astros (Arnold Schwarzenegger, Uma Thurman, Alicia Silverstone) em papeis grotescos e entregues de forma histérica. O bom-humor virou uma sátira desconexa e fútil. Tudo isso seria perdoado pelo estúdio se a recepção nas bilheterias fosse boa. Mas nem isso ajudou. “Batman e Robin”, que tinha sido destruído pela crítica, ficou fora da lista dos dez mais vistos de 1997 e rendeu um pouco mais que “Batman - O Retorno”, mas com um orçamento em torno de US$ 150 milhões -basicamente gastos em salários.
Batman ficou tóxico. Quem diria?
A ganância da Warner conseguiu estragar sua maior franquia com decisões estapafúrdias e a busca pelo lucro rápido.
Batman ficou tão tóxico por quase 10 anos que “Mulher-Gato” saiu em 2004 e não conseguiu nem mesmo pagar seu orçamento inicial e virou chacota em toda Hollywood.
A Sony parece seguir o mesmo manual que ajudou a “destruir” Batman.
“Madame Teia” é o “Mulher-Gato” do Homem-Aranha.
Na verdade, é pior.
Explico.