Desafiador do Desconhecido

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Deu a louca nos astros*
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Deu a louca nos astros*

"O Estúdio", nova série de Seth Rogen, satiriza Hollywood com várias participações especiais -de Scorsese a Olivia Wilde.

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Rodrigo Salem
Mar 21, 2025
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Na nova comédia do Apple TV+, “O Estúdio”, que estreia nesta quarta (26), Seth Rogen faz Matt Remick, um executivo do fictício Continental Studios que ama cinema, quer bancar “filmes de arte” e debater com seus grandes ídolos, cineastas da grande Hollywood.

Ou, pelo menos, ele acha que deseja tudo isso.

Até virar o chefão do estúdio sob uma condição dada pelo CEO Griffin Mill (Bryan Cranston): produzir um filme de US$ 200 milhões baseado no Kool-Aid, um suco artificial famoso nos EUA.

Em segundos, qualquer integridade ou amor pela arte se esvai da ambição de Remick, que até tenta contratar Martin Scorsese, em uma participação sensacional, para dirigir o longa da bebida, mas uma coincidência atrapalha esses planos.

Esse jogo de desejo e realidade, afirmação e fracasso, arte e mercantilismo, é o núcleo narrativo de “O Estúdio”, uma sátira hollywoodiana que se ama tanto que, muitas vezes, se torna quase incompreensível para quem não participa das engrenagens da indústria de entretenimento.

Uma crítica norte-americana da “The Hollywood Reporter” escreveu que riu tanto “que até doeu”. Questão de perspectiva e experiência, imagino.

Assisti a seis dos 10 episódios com meia-hora cada desta temporada e, no máximo, dei umas três risadas discretas.

Olha, é fácil entender a atração de “O Estúdio”. É Hollywood tirando sarro de si mesma. E tem o efeito Marvel: as pessoas adoram ver participações especiais em versões exageradas de estereótipos clássicos.

Não é todo dia que você vê Martin Scorsese entrando em depressão, Ron Howard tirando seu famigerado boné para jogá-lo em Remick ou Olivia Wilde surtando para salvar seu novo filme com Zac Efron. Tem isso e muito mais na série.

No entanto, não passa de perfumaria diante de roteiros simplórios que trafegam entre a criatividade ambiciosa (o fato de cada episódio possuir um tom relativo ao filme em que o executivo está envolvido é uma boa sacada) e à comédia pastelão irritante.

E pode incluir no pacote a escolha de Rogen e Evan Goldberg em dirigir todos os episódios com diversas cenas em longos planos-sequências. O que funciona em “Adolescência” não faz a menor diferença em “O Estúdio”, que, apoiada pela trilha free jazz, em muitas horas parece uma versão mais careta e moderna de “Babilônia”, longa de Damien Chazelle.

Não que a série não tenha acertos. Ela apenas precisa se encontrar com mais calma. O segundo episódio, que traz o chefão de Rogen nas filmagens do novo longa de Sarah Polley (“Entre Mulheres”) com Greta Lee (“Vidas Passadas”), entrega um belo equilíbrio entre crítica à Hollywood, bom humor e desespero: Lee o trata bem para conseguir um jatinho para o período de divulgação, enquanto Polley aguenta o terno indesejado porque deseja comprar uma música do Rolling Stones para a trilha -Rogen brinca com a metalinguagem ao tacar “You Can't Always Get What You Want” nos créditos.

Mas o seu elenco fixo precisa ser mais explorado.

Wilde para Rogen: “O que = achou de ‘Não Se Preocupe, Querida’?”

Seth Rogen parece boboca demais como o executivo mais importante de um grande estúdio, o poderoso bem-intencionado que sempre consegue piorar a situação em que se meteu. Tive dificuldades em torcer por ele. Falta o equilíbrio entre coração e comédia.

Talvez o auge deste balanço seja no sexto episódio, quando Remick é convidado para uma festa beneficente com a namorada médica (Rebecca Hall). A discussão sobre arte e bobagem, sobre o que realmente importa para algumas pessoas e deixa de importar para outras chega a resvalar no tocante. Mas entra o pastelão. O show de Rogen é interrompido.

No entanto, os atores de apoio dão mais cores à série. Principalmente Ike Barinholtz como o executivo/amigo do novo chefe, que venderia até a mãe para obter um blockbuster de sucesso; Kathryn Hahn no papel de Maya, a gerente de marketing extravagante do estúdio que se acha uma joven cool; e Catherine O'Hara, a produtora passada para trás com a ascensão do seu pupilo Remick.

Quando eles estão juntos, o salto de qualidade é gigante. Pode não ter o poder de chamar audiência como os astros que pululam na telinha, porém devem ser nutridos se a Apple quiser uma segunda temporada mais sólida.

Tratar Hollywood como uma entidade apinhada por pessoas histéricas, egocêntricas e mimadas é uma tentação eterna, mas muito disso parece divertir mais quem está fazendo do que quem está consumindo.

É uma armadilha para bons cineastas, pois é fácil de escrever sobre o que conhecem (roteiro 101) e podem criticar quem odeiam. Mas raramente funciona, como mostrou “A Franquia”, série já cancelada da HBO mesmo com Sam Mendes liderando os créditos.

Não quer dizer que nunca tenha dado certo.

Abaixo, para os assinantes pagos, escrevo sobre CINCO (e meio) bons exemplos de séries e filmes que não perdoam os bastidores de Hollywood com mais acidez que Seth Rogen e Evan Goldberg.

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