"Divertida Mente 2" encontra seu maior adversário pelo Oscar
Emocionante e sombrio, "Robô Selvagem" assume a dianteira na corrida pelo prêmio de melhor animação de Hollywood em 2024.
Ainda é muito cedo para cravar um grande favorito ao Oscar 2025 de Melhor Animação.
O sucesso estrondoso de “Divertida Mente 2”, que já rendeu cerca de US$ 1,7 bilhão no mundo todo, coloca a Pixar em uma bela posição na corrida.
Não dá para excluir “Piece by Piece”, inusitada cinebio em LEGO do popstar Pharrell e com direção do oscarizado Morgan Neville, de “A Um Passo do Estrelato”.
Há uma força internacional poderosa também com a animação australiana em stop-motion “Memoir of a Snail” e a sensação de Cannes, “Flow”, da Letônia.
E agora chega o seu principal concorrente de raízes hollywoodianas: “Robô Selvagem”, com data de estreia nos cinemas brasileiros prevista para 10 de outubro.
Mas por que seria um adversário tão pesado contra um fenômeno global?
Fora a grana de orçamento (cerca de US$ 100 milhões) e o poder do estúdio Universal/Dreamworks, é o novo desenho animado de Chris Sander, diretor de “Como Treinar o Seu Dragão”, um filme que ninguém levou muito a sério em 2010 e acabou indicado a dois Oscar e gerou uma franquia de sucesso -e, possivelmente, uma adaptação para live-action.
E vou falar algo que pode ser encarado como uma heresia para boa parte dos seis mil leitores desta newsletter:
“Robô Selvagem” simplesmente é melhor que “Divertida Mente 2”.
A animação acompanha ROZZUM 7134, ou apenas Roz (voz de Lupita Nyong'o), uma robô cuja nave sofre um acidente numa pequena ilha de uma Terra futurista rodeada apenas de animais. Procurando uma maneira de ser útil, Roz se aproxima dos bichos, mas é repelida brutalmente por todos. Numa destas tentativas de encontrar sua missão, ela termina destruindo, sem querer, um ninho e resgata o único sobrevivente: um filhote de ganso (voz de Kit Connor) que não consegue voar, mas precisa fazer isso antes da chegada do inverno.
Baseada no primeiro livro da quadrilogia literária do escritor e ilustrador Peter Brown, a história segue os padrões das mensagens de superação com Roz no objetivo de ajudar a ave órfã, mas sem saber como -ela apela para a raposa hilária e mentirosa de Pedro Pascal.
O filme traz umas pitadas inesperadas de humor sombrio que o fazem se destacar.
A maioria delas vem da dinâmica dos animais selvagens ao redor de Roz. Ali, naquela ilha, todos eles sabem que estão sempre perto da morte. E isso rende piadas deliciosamente sinistras, como a protagonizada pela gambá Pinktail (voz de Catherine O'Hara), que cria seus “sete, ops, seis” filhotes com afeto, mas com a certeza de que há uma cadeia alimentar em vigor naquele lugar.
Raramente se encontra algo tão zen budista assim numa animação da Disney. Uma boa lição para a molecada lidar com perdas naturais e compreender que o ciclo da vida é inexorável.
No momento final, Sanders, infelizmente, deixa isso de lado para passar um recado de união que não combina com esse pensamento mais realista. Ganha em emoção e compreensão infantil, mas perde em originalidade.
Mesmo assim, “Robô Selvagem” é mais bem resolvido que “Divertida Mente 2”. Ele consegue criar personagens com personalidades distintas e com tempo certo de tela, quebra a formalidade com dois clímaces e apresenta uma animação meio aquarelada que não apenas é belíssima, mas reforça seu núcleo emotivo e o recado ecológico.
Pela reação dos votantes nas premiações, acho que a animação já parte na frente pelo Oscar.
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Mesmo gostando de animação, larguei o Divertida Mente 2 no meio e não tive a menor vontade de retomar desde então, juntamente com minha esposa "normal". Só por ser original, pra mim esse já larga na frente.
já está em cartaz aqui no Brasil, pré-estreia, mas por enquanto pelo menos aqui em Brasília só tem sessões dubladas 😢