O Oscar 2023 devia se render ao espetáculo de "RRR"
Filme indiano gera sessão histórica em Hollywood; a decepção de Spielberg; e mais duas séries novas para sua lista.
Os filmes de Steven Spielberg basicamente moldaram meu caráter de cinéfilo nos anos 80 e me fizeram ter uma paixão avassaladora por essa arte.
Tanto que fiz uma das minhas entrevistas mais travadas quando o encontrei pela primeira vez -na segunda, foi tudo ótimo.
Como o o próprio diretor costuma admitir, todos seus filmes têm um subtexto íntimo de um garoto judeu criado pelo pai pragmático e que viu no cinema uma forma de escape.
Temos o pai que larga a família em busca de uma aventura desconhecida de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, o menino solitário de pais divorciados que faz amizade com um alienígena em “E.T.”, o uso de Richard Dreyfuss como alter ego, o solteirão convicto de “Indiana Jones” que precisa encontrar uma maneira de se reaproximar do pai em “A Última Cruzada”, a preferência por heróis masculinos, o triângulo amoroso sobrenatural de “Além da Eternidade”, o garoto que se recusa a crescer de “Hook” e por aí vai.
Mas nenhum deles é tão íntimo quanto “Os Fabelmans”.
Nele, Spielberg retoma todos esses aspectos que jogou ao longo dos anos em sua filmografia e tenta explicá-los ao exorcizar uma história que sempre esteve na sua mente, mas que nunca teve coragem de contar: a separação dos pais motivada em parte por suas personalidades totalmente opostas (ele, um engenheiro genial, ela uma mente criativa libertária), mas consumada pela presença do melhor amigo do pai na sua casa, uma figura que teve importância fundamental na criação do pequeno Steven.
Tendo falado isso…