"Stick" será o novo "Ted Lasso"?
Série do Apple TV+ com Owen Wilson exala boas intenções e otimismo no mundo do golfe, mas falta um tempero a mais.
Após o fim precoce de “Ted Lasso” na terceira temporada, o Apple TV+ procura incansavelmente uma substituta para a comédia mais bem-sucedida da sua história.
A equação do serviço de streaming da gigante da tecnologia não é fácil de ser resolvida: comédias otimistas e bem-intencionadas girando ao redor de um esporte não estão exatamente no auge da sua popularidade.
Mas isso não impede a empresa de tentar.
E a mais nova concorrente é “Stick”, série que entra nesta quarta-feira (4) no catálogo do Apple TV+.
A fórmula é bem parecida com a da turma de Jason Sudeikis.
Owen Wilson faz Pryce “Stick” Cahill, um ex-golfista genial que pôs a carreira no lixo ao perder o controle dos nervos em um torneio importante. Vivendo como vendedor de tacos e equipamentos esportivos, Stick divide o tempo entre tentar recuperar algo perdido com a ex-mulher (Judy Greer) desde que o casal passou por uma perda devastadora e trambicagens em bares com o melhor amigo, Mitts (Marc Maron), para arrumar uns trocos.
Sua esperança de uma vida melhor (ou diferente) surge ao encontrar Santi (Peter Dager), um garoto rebelde de 17 anos que pode ser o novo fenômeno do golfe. Ao lado de Mitts e da mãe de Santi (Mariana Treviño), os dois partem em uma excursão pelos EUA em busca de requisitos para disputar campeonatos profissionais.
Onze em cada dez pessoas saberão como a temporada se desenvolverá. É previsível até a medula. “Stick” não foi criada para ser revolucionária, mas é a velha história de duas figuras problemáticas que deixam suas rusgas de lado para aprenderem uma com a outra ao longo do caminho.
Mas não é desprezível.
A direção dos primeiros episódios fica sob a responsabilidade do casal Jonathan Dayton e Valerie Faris, de “Pequena Miss Sunshine” e “Ruby Sparks”. Os dois são especialistas em equilibrar ternura e bom humor. Uma boa tacada da série.
Mas o roteiro da equipe comandada pelo criador Jason Keller falta algo a mais, um tempero mais moderno. Personagens aparecem e somem sem muita explicação, algumas ganhando importância quase instantaneamente, caso de Zero (Lilli Kay), que vira a paixão de Santi não apenas pela atração física, mas por sua maneira radical de encarar a vida como parte da geração Z -insira aqui o meme do Steve Buscemi de boné e skate.
“Stick” passa longe de ser um novo “Ted Lasso”. Não é uma comédia para gargalhar, e sim para agradar. Nenhum dos seus personagens é realmente perigoso ou perverso, nem mesmo o golfista arrogante de Tim Olyphant que surge como um possível antagonista.
Tudo parece seguro demais neste mundo da série. É quase como se a Apple quisesse criar na ficção o mundo que não possuímos na vida real. Não deixa de ser louvável, mas utopia demais normalmente se confunde com fantasia piegas.
E “Stick” tem vários destes momentos sacarosos e com lições de moral. Essa intenção prejudica o andamento da série, mesmo que seja uma trama simpática e levada por um Owen Wilson cativante.
É mais ou menos como assistir a uma partida de golfe: você não sabe exatamente por que está vendo aquilo, mas acaba indo até o fim porque é relaxante.
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