Violenta e realista, "Echo" quer marcar nova fase da Marvel na TV
A newsletter viu três cenas da minissérie e traz uma entrevista exclusiva para o Brasil com a diretora Sydney Freeland.
Nesta edição:
Tudo sobre “Echo” e aquela participação especial…
Exclusivo para o Brasil: papo com Sydney Freeland, de “Echo”.
Dica de livro sobre o MCU.
Gosta de “Ruptura”? A Apple entrega um filme para você.
Tributo brasileiro a Hayao Miyazaki passa por festivais.
Cante com o Coldplay.
Música da semana
Adoro coincidências.
Ou “coincidências”.
Na semana em que a “Variety” dedicou sua capa e suas páginas para dissecar a crise criativa da Marvel nos últimos dois anos, a Disney me convidou para assistir com exclusividade às primeiras cenas de “Echo”, minissérie baseada na personagem que surgiu nos gibis do Demolidor, mas fez sua estreia televisiva na série “Gavião Arqueiro”.
É importante ressaltar uma coisa antes de prosseguir.
Por mais problemas que a Disney tenha com a repercussão negativa das suas obras, é o único estúdio incentivando entrevistas, exibições e eventos presenciais com jornalistas em Hollywood. A grande maioria se esconde por trás de transmissões via Zoom com controle intenso e vigilância constante para garantir a narrativa desejada. Bem longe do que é jornalismo, cultural ou não.
A Disney, ironicamente, o maior estúdio de Hollywood no momento -e um dos mais criticados- não tem medo de descer para o play. Coloca seus criadores e executivos face a face com repórteres do mundo todo. Atitude de quem tem confiança, mesmo em momentos turbulentos. Espero que não mude e contagie o resto por aqui.
Voltando à Marvel…
A matéria da “Variety” foi pesada e deve ter caído como uma bomba no escritório de Kevin Feige.
Os principais pontos dela:
Os criticados efeitos visuais de “Mulher-Hulk” foram consequência de roteiros caóticos e mudanças repentinas no texto.
Um episódio de “Mulher-Hulk” custou inacreditáveis US$ 25 milhões, 10 milhões a mais que um episódio da última (e mais cara) temporada de “Game of Thrones”.
Depois de dois adiamentos de “As Marvels” e quatro semanas de refilmagens, a diretora do filme, Nia DaCosta, simplesmente teria largado a pós-produção para filmar um novo projeto na Inglaterra.
O filme fechou com um orçamento de US$ 250 milhões, mas deve abrir em torno de US$ 80 milhões. Se confirmar, péssimo.
A Marvel não sabe o que fazer no caso de Jonathan Majors, o ator que interpreta Kang, o grande vilão desta fase atual do MCU. Ele está enfrentando um processo de agressão contra sua namorada nos EUA, aonde deve ir para o tribunal, e agora surgiu outro na Inglaterra com mais evidências. Seus advogados estão tentando jogar tudo para baixo do tapete, mas não têm obtido sucesso.
Majors, na verdade, conseguiu um feito e tanto: foi desligado da CAA, a agência mais poderosa de Los Angeles, por conduta abusiva com os funcionários da empresa. Quem já viu “Entourage” sabe muito bem que não é fácil ser escroto com um agente e ferir seus sentimentos. O cara deve ser um docinho de coco.
A Marvel considerou trazer de volta Robert Downey Jr. e Scarlett Johansson para reviverem Homem de Ferro e Viúva Negra para um próximo filme dos “Vingadores”. A ideia tem forte resistência no estúdio, não apenas pela consequência criativa (quem vai se importar com alguma morte depois disso?), mas pela grana que teriam de gastar -no mínimo, Downey Jr. receberia US$ 30 milhões pela reprise.
Dificilmente Majors seguirá no papel de Kang, mesmo com “Loki” apontando para o lado oposto.
O novo “Blade”, com Mahershala Ali no papel principal, já teve cinco roteiristas, dois diretores e uma pausa faltando seis semanas para o início da produção. Ali teria ameaçado cair fora do projeto por causa da confusão nos roteiros -um deles deixaria Blade como coadjuvante da própria história em favor de protagonistas femininas e textos repletos de lições de moral, algo meio difícil de acreditar, mas não impossível de acontecer.
Para resolver a encrenca, o estúdio trouxe Michael Green, de “Logan”, para escrever um novo roteiro que não ultrapassasse o orçamento de US$ 100 milhões.
No meio deste turbilhão, chegamos às primeiras impressões sobre “Echo” e à entrevista exclusiva para o Brasil com Sydney Freeland (“Reservation Dogs”, “Fear the Walking Dead”), diretamente dos estúdios Disney, em Burbank.