Você não está preparado para "Extermínio: A Evolução"
Danny Boyle e Alex Garland retornam à franquia zumbi para um filme de terror tenso, bizarro e visualmente inquieto.
Nesta edição:
Danny Boyle volta às origens punk no terceiro filme dentro do universo zumbi.
Uma história sobre humanidade com muito sangue e inquietude cinematográfica.
Mas aquele final…
Pixar deseja que você seja diferente, mas continua igual.
50 anos de “Tubarão” gera quinquilharias bacanas.
Música da semana especial.
Filmes de terror sempre foram veículos de parábolas sociais das suas épocas.
Vampiros podem ser a representação do tesão ou do medo do sexo.
Lobisomens brincam com a natureza selvagem que há em cada um de nós.
Com zumbis, a ideia é a mesma.
E talvez seja a criatura mais explorada da cultura pop, principalmente depois do fenômeno “The Walking Dead”.
Do seminal “A Noite dos Mortos-Vivos”, de George Romero, à comédia “Todo Mundo Quase Morto”, de Edgar Wright, passando pelo cubano “Juan dos Mortos”, de Alejandro Brugués, todos tentam passar mensagens que vão dos perigos do autoritarismo à inércia da sociedade moderna.
Os melhores exemplares servem como uma polaroide crítica de suas décadas.
Em 2002, o diretor britânico Danny Boyle era um dos nomes mais quentes de Hollywood, mas estava ferido pelo fiasco de “A Praia” (2000), seu primeiro blockbuster (US$ 50 milhões, bons tempos) com Leonardo DiCaprio ainda surfando no sucesso de “Titanic”.
Com apenas US$ 8 milhões no bolso, ele reapareceu com “Extermínio”, título genérico no Brasil de “28 Days Later”, um filme sobre um homem (Cillian Murphy) que acorda do coma 28 dias depois de um vírus se espalhar pelo Reino Unido e transformar os infectados em zumbis raivosos.
Boyle resgatou seu cinema sombrio, energético e cínico dos primeiros filmes, “Cova Rasa” e “Trainspotting”, em um filme de terror claustrofóbico, cru e tenso não sobre zumbis, mas sobre a raiva que consome os humanos e a ineficácia dos governos.
Essa aura de cineasta alternativo foi diluindo ao longo dos anos quando ele papou o Oscar com “Quem Quer Ser um Milionário?”, trabalhou com James Franco no drama “127 Horas” e fez a biografia de Steve Jobs.
Mas Boyle nunca perdeu esse lado meio cineasta de guerrilha. Seus filmes, por maiores que fossem, sempre traziam uma certa estranheza estética, seja por exageros, seja por minimalismos. A exceção é o romance “Yesterday”, que ainda assim tem uma premissa diferentona.
Depois disso, Danny Boyle deu uma pausa nos filmes. Mas sua passagem pela minissérie “Pistol”, sobre o Sex Pistols, pais do punk, deve ter acendido algo em seu âmago.