"X-Men’97" entrega pistas do futuro dos mutantes na Marvel?
Simples, novelesca e divertida, animação continua o sucesso dos anos 90 com mesma fórmula e, claro, tema de abertura.
Quando Brad Winderbaum, chefão do streaming do Marvel Studios, sugeriu o retorno da animação clássica “X-Men” para o Disney+, seu chefe, Kevin Feige, listou apenas duas exigências: a volta do elenco original de dubladores e os direitos da faixa-tema de abertura composta por Ron Wasserman, talvez uma das mais reconhecíveis da história da animação televisiva.
“Felizmente, conseguimos fazer isso”, comemorou Winderbaum em entrevista à “The Hollywood Reporter”.
E o resultado você pode ver a partir desta quarta-feira (20), quando os dois primeiros episódios de “X-Men‘97” estreiam no catálogo da Disney+ de todo o mundo.
Como o próprio título antecipa, “X-Men‘97” é uma continuação direta do desenho animado que teve cinco temporadas (76 episódios) entre 1992 e 1997.
Era uma época bacana para quem gostava mais de visual espetacular do que dos textos. O desenho original bebia nas fontes dos quadrinhos de sucesso de Jim Lee, mas também trazia ideias da época de ouro dos roteiros de Chris Claremont.
Isso antes de Bryan Singer levar o grupo mutante para os cinemas, em 2000, e trazer o realismo para as adaptações de quadrinhos.
E antes dos quadrinhos na cultura pop virarem celeiro de proteção comandados por nerds xiitas, aqueles que apelidei fãscistas.
Naquela época, a equipe de “X-Men: A Série Animada” podia mudar as tramas para se adequar às matinês de sábado da Fox sem choradeira ou ataques histéricos de marmanjos raivosos. Inventou até um personagem próprio para servir de alívio cômico, Morfo, inspirado em outro herói parecido dos anos 60.
“X-Men‘97” não terá esse privilégio de navegar por águas sem a constante guarda das redes sociais. Ainda mais depois da inesperada demissão de Beau DeMayo, showrunner e principal roteirista da animação, feita às vésperas da estreia da série, sem nenhuma explicação da Marvel e com direito a contas online fechadas.
Que resolvam seus problemas.
O que importa aqui é que “X-Men‘97” não é apenas um produto a serviço da nostalgia, mas uma animação que consegue replicar todos os trunfos do original e trazer novidades para que conhece todos os pormenores da série.
Ela inicia exatamente do ponto onde a original terminou: o professor Charles Xavier é dado como morto pelo líder anti-mutante Henry Gyrich e parte em coma para as estrelas com uma das suas paixões, Lilandra, líder do Império Shi’ar.
Ciclope vira o líder relutante dos X-Men, na formação com Morfo, Tempestade, Gambit, Vampira, Wolverine, Bishop e Fera. De cara, eles precisam resgatar um jovem mutante, o brasileiro (ele fala várias expressões em português) Roberto da Costa (no futuro conhecido como Mancha Solar) das garras de grupos violentos que usam sucatas retiradas dos robôs Sentinelas para matar mutantes.
Mas Scott Summers não precisa se preocupar com a liderança por muito tempo, já que Magneto reaparece (com novo uniforme) para reivindicar seu papel como líder do grupo mutante, a pedido do próprio Xavier.
Além disso, Summers precisa lidar com o fato de que Jean Grey, sua parceira de equipe e mulher, está grávida. Pior: pode ser que ela nem mesmo seja a Jean Grey de verdade, já que outra bate na porta da mansão X no fim do segundo episódio, abrindo espaço para outra trama famosa dos X-Men nos quadrinhos.
Que maravilha. E nem precisaram de três horas de filme para isso.
“X-Men‘97” é um alívio e podia muito bem servir de inspiração para os projetos mais ambiciosos da Marvel. Mesmo mantendo os pés no material original e a animação retrô em 2D (basicamente à mão, já que apenas as naves e certos cenários tiveram a ajuda de computadores), consegue modernizar e adaptar sem firulas confusas.
Os saudosistas vão aplaudir. Os mais jovens podem achar tosco.
A animação ainda mantém os famosos e surpreendentes ganchos entre episódios, mas cada trama é finalizada em 30 minutos. Há o suficiente para alimentar quem gosta de ver aparições especiais, principalmente com Morfo assumindo identidades (masculinas e femininas) de vários mutantes conhecidos.
Ainda assim, o roteiro caminha para frente. Por exemplo, Tempestade perde os poderes e assume seu famoso visual punk (quando encontra Forge) ao se desligar da equipe.
O que tudo isso afeta na presença mutante no MCU? Sei lá.
Tenho a sensação de que esse resgate não é gratuito. Kevin Feige pode ter feito escolhas erradas ultimamente, mas ele normalmente tem um plano.
E há algumas pistas bem claras sobre uma interseção de universos que pode influenciar na chegada dos novos X-Men dos cinemas:
A participação do Fera de Kelsey Grammer (da trilogia original “X-Men” dos cinemas) nas cenas pós-créditos de “As Marvels”.
O professor Xavier de Patrick Stewart com a “cadeira de rodas” flutuante da animação em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”.
O Wolverine de Hugh Jackman no uniforme amarelo em “Deadpool e Wolverine”.
A menção ao Mercúrio de Evan Peters (da segunda trilogia “X-Men”) em “WandaVision”.
É quase como se ele estivesse dizendo: nós vamos mudar tudo, mas conhecemos o nosso passado.
Se tudo isso fosse simples e divertido como “X-Men‘97”.
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