A Casa das Irmãs
Série "Duna: A Profecia" segue ambição visual dos filmes de sucesso, mas a trama parece um derivado de "Game of Thrones".
A parte mais fascinante de “Duna - Parte Dois”, segundo longa de Denis Villeneuve no universo baseado nos livros de Frank Herbert, é a coragem de falar sobre os perigos dos falsos messias e do extremismo religioso em 2024, quando o mundo é palco de diversas guerras santas -e não apenas daquelas mais “visíveis”.
Já “Duna: A Profecia”, série da HBO em seis partes que funciona como um prólogo dos filmes focada na origem da irmandade das Bene Gesserit, ordem político-religiosas poderosa composta por mulheres, dá um passo atrás ao se interessar mais nas intrigas palacianas protagonizadas por suas integrantes.
Nos quatro episódios disponibilizados para alguns membros da imprensa, a série parece menos “Duna” e mais “Game of Thrones”.
O movimento não é uma surpresa, já que a Warner, dona da HBO/MAX e desesperada para se recuperar financeiramente, deseja passar um ar de familiaridade em seus lançamentos mais caros, seja apelando para franquias crossmídia como “Duna” e “Pinguim”, seja investindo em propriedades intelectuais como “O Senhor dos Anéis”, “Sex and the City” e “Harry Potter”.
No caso de “Duna: A Profecia”, o estúdio parece temeroso de apostar em algo que tem pouco a ver com o filme original, já que se passa 10 mil anos antes do nascimento de Paul Atreides (Timothée Chalamet) e dos acontecimentos do par de longas hollywoodianos que renderam US$ 1,2 bilhão nas bilheterias.
A série inicia com uma longa narração em off para explicar a guerra da humanidade contra as “máquinas inteligentes” e a consequente vitória contra a Inteligência Artificial. Logo depois, encontramos a jovem Valya Harkonnen (Jessica Barden, de “The End of the F***ing World”) na sua iniciação entre as integrantes do que ainda chamam de “A Irmandade”. Valya é quem começa a desenvolver elementos das Bene Gesserit que conhecemos no distante futuro, como seu poder de controlar certas mentes com a voz e a linguagem secreta com os dedos. Por baixo de sua ambição e determinação, há um desejo de vingança pelo fato da reputação de a sua família ter sido destruída pelas mentiras espalhadas pela casa… Atreides.
Muitos anos depois deste preâmbulo, Valya (agora vivida por Emily Watson) é a Reverenda Madre Superiora da Irmandade, que, ao lado da irmã (Olivia Williams), treina garotas para servirem de consortes (e espiãs) em famílias reais de diversos planetas.
Uma delas é a princesa Ynez (Sarah-Sofie Boussnina), filha do Imperador Javicco Corrino (Mark Strong) que precisa ser unida a um menino nobre da casa que controla Arakis para garantir poder militar ao chefe-supremo do universo -algo que pode não acontecer após o aparecimento do misterioso Desmond Hart (Travis Fimmel), uma espécie de Duncan Idaho televisivo que alega ter matado um dos vermes de areia e é imune ao poder de Valya.
Se tudo isso te parece familiar, não é por acaso. Mudando os nomes e o cenário, a trama poderia muito bem fazer parte de “A Casa do Dragão”). Há até cenas tórridas de sexo, algo raro em ficção científica do gênero, e a constante busca pelo poder por famílias diferentes.
Até mesmo a origem do projeto é similar. “Duna: A Profecia” é apenas inspirada no livro de Brian Herbert e Kevin J. Anderson, tomando mil liberdades em nome da dramatização mais conveniente para a showrunner Alison Schapker (“Altered Carbon”) e o roteiro de Diane Ademu-John (“Empire”).
Os bastidores também foram tumultuados. Denis Villeneuve iria dirigir o piloto escrito por Jon Spaihts, corroteirista de “Duna”. Mas a HBO recebeu críticas por fazer uma série sobre mulheres, mas sem mulheres na equipe principal criativa. Ademu-John, então, virou showrunner, mas não durou muito até ser substituída por Schapker. Villeneuve caiu fora. E Johan Renck, de “Chernobyl”, foi chamado para seu lugar, mas nem ele ficou. Abriu vaga para Anna Foerster (“Westworld”) finalmente se estabilizar como a diretora do piloto (e mais dois episódios).
George R.R. Martin reclamando em seu blog dos cortes de “A Casa do Dragão” é fichinha.
O lado bom é que “Duna: A Profecia” segue a cartilha visual dos filmes. Mesmo com um orçamento menor, a série causa impacto tanto nos efeitos visuais quanto na direção de arte -os figurinos sofrem um pouco para acompanhá-los. A estratégia pode não funcionar a pleno vapor em 2024 e faz a série tropeçar na dramaturgia, mas é capaz de ganhar a paciência necessária dos espectadores para a HBO investir em outras temporadas.
Isso vindo do streaming que “sumiu” com “Raised By Wolves”, outra série no mesmo tom de “Duna: A Profecia”, é uma vitória e tanto.
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Sim, se for muito bem recomendado. Só cheguei ao final da primeira temporada de Breaking Bad pq falavam q era ótima. E para mim ela só pegou depois do 8 ep. (Funciona muito melhor quando vc assiste a segunda vez)
Acho q o maior problema é q os filmes não criam tanto interesse na irmandade para espectador querer ver 8 horas sobre isso. Ok, Andor e até mesmo The Penguin estão ai para mostrar q posso estar errado. Mas vai ter q ser muito boa para vencer esse desinterese inicial.