Conheça cinco candidatos a Melhor Filme do Oscar 2025
A newsletter desta semana detalha os primeiros favoritos na corrida pelo prêmio mais famoso do cinema.
Nesta edição especial:
“Uma Linda Mulher” ganha versão sexual e moderna.
O Papa é pop e algo mais, digamos, polêmico.
O cordel mariachi do nascimento de uma santa, digamos, polêmica.
Corrida pela Londres bombardeada por nazistas e racistas.
O filme mais longo do ano também pode ser o melhor.
Música da semana.
Semana passada, quando escrevi que a corrida pelo Oscar 2025 finalmente tinha esquentado em Los Angeles, eu não estava mentindo.
Nas duas últimas semanas, quase todos os longas candidatos ao prêmio principal de Melhor Filme foram exibidos para os votantes das premiações -alguns, como “Gladiador 2”, sob embargo pesado.
Dos quinze atuais favoritos à estatueta mais cobiçada do cinema norte-americano, apenas três não foram vistos -alguns já foram resenhados aqui mesmo, como “Duna - Parte 2” e “Saturday Night”.
Alguns poucos permanecem uma incógnita, mas “Aqui”, de Robert Zemeckis, e “Jurado Nº 2”, de Clint Eastwood, estão no AFI Fest, que abre hoje em Hollywood. Restarão apenas “A Complete Unknown”, de James Mangold, e “Nosferatu”, de Robert Eggers, ainda sem notícia concreta sobre possibilidades de prêmios.
A maratona dos últimos dias trouxe uma boa e uma má notícia.
A boa é que você vai ler abaixo a primeira parte da newsletter dissecando cinco novos filmes candidatíssimos ao Oscar 2025 na categoria principal. Nenhum deles apareceu anteriormente por aqui. Guardei especialmente para esta ocasião. Semana que vem, outra fornada.
A má notícia é que não consegui publicar a newsletter para assinantes grátis como de costume. Para não ficar feio para quem assina essa versão, separei uma das produções analisadas como o conteúdo gratuito da semana.
Como sempre, se quiser ler o resto do texto e ter acesso a TODO o conteúdo publicado nestes mais de três anos de vida da “Desafiador do Desconhecido”, basta clicar no botão abaixo.
A corrida do Oscar está apenas começando e, semana que vem, tem mais.
Adoro os filmes de Sean Baker. Seu estilo de cinema, ao longo dos anos, adicionou o humor dramático de Howard Hawks à preocupação com os marginalizados e a estética de Ken Loach. Baker passou do naturalismo ao fantasioso sem se perder no meio do caminho. Se ele retratou a Disney de fora em “Projeto Flórida”, trouxe um pouco de fábula ao sexo em “Red Rocket”.
Em comum entre todos, personagens tão apaixonantes quanto sofridos -seja pelo destino, seja por escolha própria.
“Anora” não é diferente.
O filme, que fez parte da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e estreia no Brasil em 23 de janeiro, é um conto de fadas engraçado e sombrio sobre uma trabalhadora do sexo (Mikey Madison, de “Better Things” e “Era Uma Vez em… Hollywood”) que se casa com um cliente (Mark Eydelshteyn), um moleque ricaço e filho de um oligarca russo, e vê a possibilidade de abandonar a carreira em busca de um futuro diferente.
A comparação mais óbvia seria com “Uma Linda Mulher”. Mas ele lembra mais a ideia original, quando o filme ainda se chamava “3.000” e terminava de forma infeliz, com Vivian pegando a grana que ganha do príncipe no cavalo branco vivido por Richard Gere para conhecer a Disney na Flórida sem o ricaço.
Não que “Anora” seja deprimente. Pelo contrário, apesar de sofrer uma pequena queda de ritmo no fim do segundo ato, o longa é energético, engraçado e cativante. Muito pelo tratamento de Baker aos seus personagens, nunca plastificados em seus mundos higienizados. Madison é de uma entrega assustadora em um papel que requer ousadia, desinibição e dedicação física. Eydelshteyn é tão encantador quanto irritante, um retrato perfeito da geração moderna com muita grana no bolso.
Até mesmo as colegas strippers de Anora e os capangas do pai do russo estão ali como pessoas reais, não como enfeites. O sexo é quente. Os corpos se unem. O suor respinga na tela. É um filme que vai na contramão do que os executivos desejam hoje em dia. Ainda bem.
“Anora” é um caso raro de comédia com claras chances de vencer um Oscar, ajudada por uma surpreendente Palma de Ouro em Cannes e um diretor com ideias originais com preocupações mais palpáveis que salvar o mundo.