"The Last of Us": criadores discutem final e futuro da série
Em entrevista, os showrunners Craig Mazin e Neil Druckmann avisam: "Será uma série diferente a cada temporada".
“The Last of Us” teve sua segunda temporada finalizada neste domingo (25).
Em um ano em que os showrunners Craig Mazin e Neil Druckmann sofreram para adaptar o jogo em uma narrativa exigente e fora dos padrões para outra mídia, o sétimo e último episódio da série de sucesso terminou exatamente em um momento radical do material original.
Se você não viu ou simplesmente não deseja saber detalhes do que pode acontecer na terceira temporada (ainda sem data de estreia), pode parar por aqui e esperar a próxima newsletter, porque a semana tem Wes Anderson.
Se quiser se aprofundar nos mistérios de “The Last of Us”, leia o que Mazin e Druckmann falaram sobre o final chocante da temporada e a “mudança brusca” em que todos estão falando.
“Estávamos abertos a um fim diferente”, confessa Mazin. “Consideramos todas as possibilidades.”
Pode ser, mas a segunda temporada termina de maneira esperada: Ellie (Bella Ramsey) finalmente encara Abby (Kaitlyn Dever) depois da assassina de Joel (Pedro Pascal) matar outro habitante de Jackson, Jesse (Young Mazino). Abby tem Ellie sob sua mira. A guerrilheira não pensa duas vezes e a tela escurece assim que ouvimos um barulho de disparo de arma.
Adeus, Ellie?
Não sabemos.
Em seguida, voltamos no tempo e o ponto de vista muda para o de Abby, no “DIA UM” em Seattle, estabelecendo, em teoria, que ela será o fio condutor da terceira temporada, já que o segundo ano deixou Joel de lado para ganhar o olhar de Ellie.
“Claro que dá vontade de brincar. Pensamos que talvez devêssemos entrelaçar as histórias, ir e voltar no tempo e tentar isso ou aquilo. Mas, no fim, lembro de dizer: ‘Isso não faz parte do DNA da história?”, recorda o showrunner em entrevista a alguns veículos de imprensa, inclusive a “Desafiador do Desconhecido”. “Isso significa que precisamos correr riscos e a HBO nos apoia em tudo. Eles entendem que será uma série diferente a cada temporada, algo complicado quando se tem um sucesso.”
Druckmann reforça que outras alternativas foram consideradas para o fim de temporada, mas que nenhum se sustentou. “Nada me vem à mente agora, porque nenhuma alternativa se sustentou por muito tempo. Esse sempre pareceu o final natural para a temporada.”
Para quem não é familiar com o game, em determinado momento de “The Last of US - Part II”, o jogador assume o papel de Abby em uma mudança de perspectiva radical. “Não estaríamos fazendo a promessa certa sobre o que essa história representa se tivéssemos terminado a temporada em outro momento”, conta o criador do jogo. “E agora estamos dizendo que a próxima temporada terá uma dimensão épica, mas que essa outra história, ao voltar para Joel e Ellie, também será muito importante.”
“Vamos colocar isso na categoria de ‘coisas que os videogames conseguem fazer e que são muito difíceis de fazer na televisão’”, completa Mazin sobre a mudança de ponto de vista. “Não conseguimos reproduzir o choque de você se tornar outra pessoa. Nos jogos, quando essa mudança acontece, é um baque, mas estamos assistindo todo mundo igualmente numa tela. De vez em quando, podemos nos identificar de formas diferentes, nos sentir em conflito, mas não somos eles. Pode ser um pouco chocante, mas nunca será como a mudança de perspectiva de um game.”
Mas isso não significa que a próxima temporada da adaptação deixará Ellie de lado completamente -mesmo que seu destino seja incerto para quem nunca jogou o game.
Mazin e Druckmann reforçam que qualquer mudança pode acontecer, apesar dos pontos mais emblemáticos do jogo sempre servirem de mapa para a adaptação.
Quando visitei o set da segunda temporada “The Last of Us”, em Vancouver, sempre mantive como certa a morte de Joel, tanto que Pedro Pascal não nos deu entrevistas. Você pode ler o papo com Druckmann sem cortes AQUI. A mesma filosofia deve guiar a produção para o próximo ano.
“A temporada será como tem de ser”, filosofa Craig Mazin. “Mesmo que achasse que sei exatamente como tudo vai acontecer, tenho experiência suficiente para saber que, daqui a duas semanas, podemos ter uma ideia completamente diferente e mudar. Tudo que posso dizer é que não vimos tudo de Kaitlyn Dever, Bella Ramsey ou Isabela Merced. Não vimos tudo de muita gente que, no momento, está morta na história.”